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A destruição de manuscritos centenários pelos islamitas que dominavam Tombuctu, no Mali, é uma "perda irreparável" num património que inclui parte da história da Península Ibérica, disse à agência Lusa um especialista em história islâmica.
Fernando Branco Correia, professor de História do Mundo Islâmico na Universidade de Évora, disse à Agência Lusa que em Tombuctu havia "uma série de manuscritos importantíssimos, únicos, que tinham a ver com a história da Península Ibérica".
Entre os manuscritos guardados naquela cidade estariam "obras únicas que têm a ver com a fase do Islão tolerante" e com a convivência de "cristãos (moçárabes), muçulmanos e judeus" durante a fase de administração islâmica dos territórios que hoje são Portugal e Espanha, conhecidos a partir do século VIII como Al-Andaluz.
Com a aproximação das forças francesas de Tombuctu, os islamitas que ocupavam a cidade fugiram e incendiaram um edifício "com manuscritos", segundo uma fonte da segurança maliana, acrescentando tratar-se do Centro de Documentação Ahmed Baba, que, segundo o ministério da Cultura maliano, guardaria entre 60 mil a 100 mil manuscritos históricos.
O académico lamentou a "sanha persecutória" dos fundamentalistas que entendem que "se não é o Alcorão (principal texto sagrado do Islão), não presta".
As duas dinastias que governaram a Península durante o domínio islâmico eram oriundas do Norte de África e estavam ligadas ao comércio trans-saariano, referiu Fernando Branco Correia.
"Com o desaparecimento dos territórios muçulmanos na Península Ibérica", reduzidos no século XIII ao reino de Granada, "há intelectuais, juristas" e outras forças sociais que levam os livros das suas famílias para o Norte de África e alguns vão parar a Tombuctu.
Entre estes documentos encontrar-se-iam "livros de história, geografia, biografias", estimou, ressalvando não conhecer a fundo o espólio do centro de documentação Ahmed Baba.
Esta cidade é historicamente "fundamental para quem vai para a África, uma base fundamental entre a África costeira mediterrânica e a África Negra", frisou. "Como Heathrow, entre a América e a Europa", ilustrou, aludindo ao principal aeroporto londrino.
Como entreposto comercial e de trocas culturais, Tombuctu foi lugar de "confluência, hibridismo e convivência salutar", indicou.
Fonte:: lusa/sol
sofia s.